Caros Colegas,
A grande falha do programa Minha Casa, Minha Vida, em minha opinião, era a disparidade de exigências da modalidade empreendimento para a modalidade individual. Na modalidade empreendimento, o ministério exigia o conjunto habitacional dos sonhos: planejamento urbano, serviços básicos (água, energia e drenagem), pavimentação, projeto social, licenciamento ambiental, empresa “gericada” e outros. Já para o financiamento individual, bastava declarar a posse do terreno, água e luz. Quem cuida do resto? O Município!
As pequenas empresas se viram impedidas de trabalhar na modalidade empreendimento porque, além da dificuldade na aprovação dos projetos, veio a dificuldade em conseguir o GERIC. Como contornar o problema e lucrar com o programa? Com os financiamentos individuais em nome do próprio beneficiário.
Falando em lucro: nos empreendimentos, as exigências são enormes e existe um teto financeiro por unidade habitacional. Esse teto inclui habitação (com área útil mínima de 42m²) e infraestrutura. Já na modalidade individual, existe teto financeiro, mas este só inclui a habitação e é calculado via SINAPI. Trocando em miúdos: O BDI do financiamento individual é aproximadamente 30% e o do empreendimento bem menor, sendo o que sobra após o cumprimento de todas as exigências do programa.
As pequenas empresas - e as grandes, já que o lucro é comprovadamente maior - entraram com força nos financiamentos individuais inchando os municípios e deixando a conta da infraestrutura para as prefeituras.
Nada contra o desenvolvimento e o lucro. Mas, se o programa visa diminuir o déficit habitacional e reduzir as habitações precárias, por que não exigir o mesmo padrão de moradia em todas as modalidades?
Um grande abraço,
Helena Virgínia Moreira